E após ser mais adiado e comentado que o Impeachment da Dilma, finalmente saiu o esperado Debut Solo da Tiffany. Será que vale a pena?
Honestamente, apesar de ser Sone fervoroso há quase 6 anos, eu não estava lá muito ansioso pro início da carreira alone da garota mais brilhante que cogumelos (piscadinha pros entendedores). Os motivos são óbvios e qualquer fã racional que não se deixe levar pelo fanatismo cego sabe reconhecer que o forte da Fany não é sua voz. Simples assim.
Por sorte, no K-pop, tendo um timbre mediano já dá pra se sustentar e criar um nome de peso (Yoona que o diga), como Fany fez. Mesmo sendo voz de fundo de Taeyeon, Seohyun e até a tragédia de 2014, da Jessica a vida toda, o carisma e personalidade cativantes de nossa Hwang favorita sempre se destacaram e camuflaram quaisquer falhas vocais. Não é pra menos que seu nome se tornou um dos mais conhecidos da indústria e com maior número de fandoms espalhados por aí.
O problema é que as pessoas não sabem separar as coisas, e após I, começou a choradeira: "agora é a vez da Tiffany", "cadê o solo da Tiffany" e etc. Como a SM não é burra (leia-se PLEDIS), aproveitou o buzz e o sucesso comercial de I para agilizar logo o caminho para a soshi viciada em snap seguir os passos de Teião.
Mas é um solo, e obviamente, não há ninguém para dividir o palco e a canção, ou seja, a atenção vai toda pra performer. O grau de exigência e dificuldade são outros, e aí não tem carisma ou poderio de empresa que salve um um ato ruim.
Felizmente, em I Just Wanna Dance, Tiffany reconhece seus limites e não busca nada inovador ou épico, já que sua voz não permite isso - não é ofensa, amo ela. São fatos. Toda a tracklist é composta de mid e downtempos. Porém, esse lado contido também torna o álbum um tanto repetitivo e sem momentos de êxtase. É um projeto sólido, mas que peca pela insegurança de arriscar-se além, muito pelo medo de expor a fragilidade da protagonista.
Review
O Ep foi vendido como um Electro-pop Dance Retrô, e o Lead Single que também dá nome ao álbum busca criar rapidamente a atmosfera para toda a continuidade do disco, e se sai bem nisso. Raramente concordo com o single escolhido para divulgação de um projeto, mas é inegável que I Just Wanna Dance é a melhor música aqui. A melodia isoladamente é eficiente é suficiente para transportar para os 80's. Não, eu não vivi a época, mas existem playlists e filmes suficientes para dar uma viajada.
Atmosfera que fica ainda mais latente no MV. Digam o que quiserem da SM, mas a empresa sabe usar seus recursos pra produzir bons vídeos. O design de produção é bem detalhado pra se assemelhar a uma Los Angeles de décadas atrás, com a lanchonete tão característica, os carros antigos e até as locações decadentes. A fotografia foi inteligente na utilização de cores, com elementos vivos e fortes durante o sonho, e um cinza sem vida quando estamos na realidade enfadonha (estamos juntos, Fany).
Só não gostei dessa coreografia de lagarta sapateando no chão. Imagine que ridículo isso num MAMA da vida. Mas tirando esse deslise, tá bacana. Até acho que dá pra vender fácil nos EUA com uma engrish version. Com certeza iria causar cóleras na CL.
A seguir vem Talk, a pior faixa do título, o que é um tiro no pé, já que desanima logo da 2ª track, o que automaticamente pode sabotar também o resto do EP - ou melhorar a apreciação, já que as outras canções, independente da qualidade, soam melhores do que deveriam em comparação com Talk, principalmente Fool.
Mas enfim, os sintetizadores dão um início climático e de transição suave, já que o ritmo pouco se altera de Justa Wanna Dance, mas ao contrário do single, Talk peca na repetição, algo que também ocorre na track anterior, mas aqui é mais notável pela inferioridade do refrão "talk to you, talk to you". Com uns versos a menos, funcionaria melhor.
E como disse, a ruindade de Talk engrandece a sequência, mas os méritos de Fool vão além disso. O sample dos gritinhos sempre me agrada e dão um charme especial pra faixa. O crescente na bridge pro refrão "like a fool" é uma quebra inesperada e bem orquestrada na monotonia de Talk e até de Just Wanna Dance, que mantém uma sonoridade só durante seu todo. Não é um up de fazer pular e vibrar, mas tira da sonolência anterior. Tem bem cara de música pra ajudar a divulgar o EP nos Inkigayos e derivados, caso Fany não queira empurrar sua autoria para nossos ouvidos.
E quando digo sua autoria, me refiro a What Do I Do, cuja letra é aquela basicona sobre amores trágicos que não funcionam, mas a garota apaixonada - sempre ela - não consegue desapegar, pois o Oppa é marcante demais pra deixar escapar. O backtrack é realmente marcante e está até agora se repetindo em minha mente - bem mais que o vocal, diga-se -,o problema é que são basicamente dois ritmos que se repetem durante a melodia toda. Funcionam bem até o segundo pós-refrão, o que deixa a sensação de que a canção poderia ter ficado mais curta, e olha que ela só tem 03:03.
Após duas tracks midtempos que se agitavam na transição do bridge pro refrão, Yellow Light retorna a um ritmo mais cadenciado do início do EP. Dá uma quebrada no padrão, o que muitos podem reclamar pela quebra de fluidez, mas ao menos tenta deixar a experiência mais versátil. A música tem uma pegada mais clássica, e o refrão, ainda que não seja memorável, chama atenção pelo YelloLLOW Light. O maior pecado de Yellow Light é sua previsibilidade - não que as outras fossem um Red Light brusco e frenético - mas não há nenhum break, subida de tom. Nada. É a mesma coisa do início ao fim.
E então, para encerramento, Fany nos brinda com Once in a Lifetime. Um refresco após a mesmice da luz amarela. O ritmo mantém-e constante em meio tempo, mas a melancolia dá espaço pra uma alegria mais simples e nostálgica. Parece até uma obra saída do Station - das legais -. Dá até pra imaginar um MV bem fulero daqueles com filtro pastel, flores voando e o cabelo maravilhoso de Tiffany esvoaçando enquanto ela arreganha os dentes. Pré-refrão e refrão finais, com o fundo de violão passam uma atmosfera agradável e digamos, bucólica. É inofensiva, mas bem aproveitável e leve de ouvir, como UR.
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E então, vale a pena?
Vale sim, e não é palavra de Sone que se nega a trair uma integrante, e sim apresentada em análise fria. Não é I, com certeza, e também acho - e torço - que o retorno de Jessica será melhor, pois é inegável que a voz de nossa Ice Queen é superior, mas dentro das limitações, essa estreia de Tiffany é muito bem-vinda