Que o YG não é flor que se cheire. Qualquer kpopper com 2 semanas de estrada é capaz de discernir os desvios de índole do sujeito. Os maus-tratos com seus empregados, de desleixo e negligência em comebacks - algo que vem desde a época em que sua futura esposa era integrante do Swi.T, primeiro grupo feminino da empresa, quando ele já iniciou os projetos de auto-sabotagem, desta vez com a nobre intenção de não deixar a Idol, qual ele já era apaixonado, ficar famosa demais para si - são a marca do sujeito.
Quem teve a oportunidade de conferir os realitys cuja presença do empresário é constante, principalmente no papel de jurado, sabe bem que não há papas na língua, uma versão coreana de Simon Cowell e Arnaldo Saccomani, homens egocêntricos que assumem o personagem polêmico e "supe honesto" em survivals, tudo pelo espetáculo, pela diversão de humilhar participantes em rede nacional. Tem quem goste, é claro. Quando o sbt fazia dessas, lembro bem de vários colegas, e até eu, não sendo hipócrita, me divertindo ao comentar como o produtor havia esculhambado algum sonhador errante.
A gente cresce e, felizmente, alguns adquirem experiência própria de humilhação, empatia e sensibilidade para perceber que há algo errado em xingar e menosprezar alguém de modo tão tirânico. Outros, é claro, resolvem votar no Bolsonaro e afirmar que direitos humanos são esterco de vagabundagem. Deixamos estes de lado para forcar no trigo.
Pois em seu novo programinha de colo, o famoso MixNine, filhote do super-sucesso Produce 101, o lagartão, como diz o prezado Adriano, do TMOM, tem aproveitado o espaço e a chefia para liberar sua adorável personalidade, como quem controla o mundo em ventríloquo.
Entre as audições do último episódio, tivemos Sori, que vocês conhecerão do CocoSori, incensado recentemente por renascer o estilo Orange Caramel de ser. Se parou de ouvir, é justamente pelo retumbante flop da dupla.
O julgamento feito por ele, nada profissional, é provocativo e inferiorizador, ressaltando cada aspecto pouco favorável pra pessoa, sem a mínima intenção de contribuir ou motivar, o que deveria ser, naturalmente, a intenção de um tutor.
Vocês podem ler a tradução em inglês do diálogo aqui. Deixo abaixo versão em português, livremente feita por mim.
"YG: Sori...você tem certa idade...
Sori: Sim
YG: 28, e ser uma idol...a sua idade é...penso ser a idade para se aposentar
Sori: Ah, sério? Este é apenas o começo para mim.
YG: Então o que você fez até essa idade?
Sori: Eu fui trainee por um longo tempo, mas por vários motivos, as coisas davam errado. Após experimentar isso por um longo tempo, eu finalmente debutei em Janeiro do ano passado com o grupo CocoSori
YG: CocoSori?
Sori: Sim
YG: Flopou, não é?
YG: Só estou sendo honesto
Sori: Depois que nós lançamos nosso segundo single
YG: De qualquer modo, seu segundo álbum flopou, certo?
Sori: Sim, por isto estou aqui
Sori: Eu participei do CocoSori e do Real Girls Project (grupo formado para o drama The iDOLM@STER
YG: Nada funciona para você, mas você faz tantas coisas
Sori: Mas eu estou aproveitando meu tempo fazendo isso tudo
YG: Eu não acho que esta é uma situação para aproveitar."
Wow. Bela forma de tratar uma atendente do seu programa que tem o futuro e seus sonhos em jogo, não é?! Sem sutileza, sem piedade, covardemente atacando a idade dela, como se não fosse boa demais para ele.
E olha que não foi o pior. Que sofreu o escárnio colérico de YG, como se fizesse tudo em prol de uma piada interna que comentará nos bastidores com seus amigos, no bar pessoal de sua casa, foram as meninas do Loona 1/3, as 3 primeiras a terem seus solos liberaos: Heejin, Hyujin e Haseul, com exceção de Vivi.
Ao final, como ela foi a primeira integrante a ser anunciada, YG pede "O CEO achou que você estava mais preparada para debutar?", no que ela, orgulhosamente, responde "Sim, e na época que eu comecei ele achou que eu fosse a mais naturalmente talentosa".
A resposta: "O que é esse talento que eu não estou vendo?", seguida pela cara de taxo dela.
Particularmente azedo, a reação com Hyunjin não foi muito melhor.
Após desfazer a cara de tarado, seu comentário já inicia ácido: "Acho que seu problema é que você não evoca emoções na sua dança, ainda que sua posição seja dançarina. Parecia que você estava presa em madeira." Seguido do que talvez seja o único conselho útil que ele deu às meninas: "Quando você dança, você tem de fazer com que a audiência suspire".
E por último, como a cronologia Loona, a pobre e maravilhosa Haseul:
Eu não irei bancar o fãnzote animalesco. Seja por despreparo ou, o que eu acho, nervosismo, afinal, já a vimos dançar em outras ocasiões com mais desenvoltura, Haseul está constrangedoramente ruim aqui e não mereceu passar. As reações dos outros Idols expõem bem seu rendimento.
O arfar de desprezo e esgotamento e os risos debochados são suficientes para nada precisar ser dito. E injustificáveis sob qualquer perspectiva.
Ainda rolou a avaliação compartilhada, onde elas reforçam como irão trabalhar mais e que isso tende a dar resultados, enquanto ele apenas demonstra se divertir da incredulidade e angústia das meninas, em descrença.
YG desconhece, ou ignora, um princípio básico da pedagogia moderna, onde firmeza e disciplina não se transmitem corretamente através de medo e desmerecimento sarcástico. E sim, através de motivação e críticas construtivas e pontuais, como ele esboçou fazer com Hyunjin. O medo pode provocar melhora, mas cria-se um sentimento de exclusão, inferiorização e raiva para com o docente. Enquanto que o contrário não suaviza ou amolece algo que deve, sim, ser levado a sério.
Apelar ao entretenimento sádico é um triste atestado da demência e inversão de valores tanto do canal, quanto do próprio YG e do público que se diverte, em seus sofás, ao verem meninas adolescentes serem esmagadas por palavras grosseiras e ignominiosas, mais preocupados com a audiência do que com qualquer progressão artística e honrável. É a indústria do show business, numa era onde não mais se tenta esconder a sujeira, pois estão todos tão sujos que uma camada de poeira a mais não fará diferença. Pelo contrário, é de urgência que qualquer pureza seja obliterada para degustação alheia.
A fagulha de esperança está nas demonstrações de apoiovistas no twitter e súbita subida do Loona nos charts.
Um mercado onde uma voz tenra e encantadora é cortada, mas as lágrimas de frustração e tristeza fazem parte da exposição publicitária de manipulação pública.
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