Em Last Night Story, IU enverniza o passado sem perder o charme vintage


Olá, Delirianos e anos. Novamente aqui para discutir, dessa vez sem exigências pessoais de pontualidade, após algum período de perturbações vazias e stress gratuito proveniente de busca própria, certamente exercícios de masoquismo involuntário, volto para comentar sobre o Comeback de IU, talvez a personalidade coreana mais respeitada em ambiente doméstico de hoje em dia.

Pra quem não sabe, a princesinha, que provavelmente odiaria ser chamada assim, está on fire e num epicentro conciliatório entre proficuidade artística com reconhecimento popular e crítico. Não há tempo para se perder. Nisto, recebemos de brinde um novo álbum de remakes, A Flower Bookmark 2, continuação do homônimo de 2014.

Apesar de Autumn Morning ter sido alçada a status de pré-release, e não obstante atingido mais um all-kill pra guria, é no novo single que temos o lembrete de por que IU é um caso notório de quem não podemos desdenhar o sucesso. Muito menos deixar de desejar por mais.


Last Night Story é uma repaginada no original de 88, pelo grupo Sobangcha, canção ótima, como você pode provar ao provar o rosa, claramente filha de seu tempo, assim como de geografia musicalmente reconhecível aos mais experientes no histórico coreano quanto ao cenário fonográfico.

Enquanto que pela voz dos meninos, podemos escutar referências ao synth e dance mais galhofento que se popularizara na Ásia após já ser consolidado na América, com um pesado incremento do trot-sertanejo, a versão de IU é brilhante em como referenda sua inspiração, mas a confere novos contornos e sem deixar de prestar a homenagem vintage proposta pelo conceito do álbum.

Menos eletrônicos e mais calcado em guitarras emulativas dos anos 60 com o Disco explícito inclusive literalmente no MV, sua visão de Last night story é apropriadamente acertada para o que IU mais gosta de produzir, mesmo que seu talento permita o mundo. Consciente da melancolia da letra, ela canta como que em um tédio simulado, sempre acompanhado das interjeições de cansaço (oh, oh, oh) e um MV que diverte através da ironia visual, parecendo um curta dos irmãos Coen. O laranja radiante ultra-exposto oprime a sonolência anímica da artista e força a contradição nos movimentos robóticos da divertida coreografia, numa brincadeira interna entre o que parece e o que realmente é. Assim que se pega esta intenção, é uma graça assistir aos movimentos e (falta de) expressões da Idol, após uma noite decepcionante.

Felizmente, uma maquiagem artística onde quem jamais sai decepcionado é o público, pois mais madura, bela e com um ar de petulância raposina que parece se esconder por trás do mármore facial, IU é um Éden. 
Me at parties. But uglier. A lot.
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