TAG - Amor à Terceira Ouvida


Saudações, pessoas que usam ou deveriam usar perfume. Hoje vos trago mais um destes descontraídos pedaços de colaboração blogueirística, chamado de Tag. A indicação veio pela leitora Beatriz, do Unicorns & Chill, e consiste em comentarmos 5 faixas (+ 1 uma bônus opcional) que só passamos a gostar após um desagrado inicial.

Quem nunca passou por isso, não é?

As regras são flexíveis; a pessoa deve depilar a sobrancelha na terceira quinta de meses ímpares e utilizar regador lilás para molhar os pés sempre que a lua iluminar o prédio mais alto de Tóquio enquanto o ministro inglês assiste Senhor dos Aneis em rmvb ao som de Sweet Dreams, acelerando sempre que o Sam fala "Frodo!". Só se enquadra no exercício quem preenche estes requisitos, o que creio, todos se enquadrem. 

Tirando isto, a ordem é livre. A criadora da TAG optou por nomeações sem ordem qualitativa, já eu as colocarei de acordo com a intensidade da reviravolta de meu sentimento para consigo.

Também, aproveitarei esse quadro para incluir algumas músicas que vocês provavelmente jamais imaginariam que eu curto. Alguns podem até sentir vergonha por mim. Mas o objetivo é ser transparente e feliz com seus gostos. Até iKONICs têm espaço aqui, afinal.

Vamos lá!
#5 EXID - Hot Pink


Eu estava com a cara torcida para o EXID na reta final de 2015 por dois motivos:

1 - Era reciclagem atrás de reciclagem do Cima&Baixo, o que infestou o mercado de nugus e francamente, me esgotou.

2 - Essa mais pessoal, e logo, importante. Entre 2014 e 2016, o AOA foi de meus grupos favoritos, tendo finalmente se encontrado num conceito. E o EXID ROUBOU o conceito delas e vinha até fazendo mais sucesso, o que me revoltava mais que os beliebers quando o guri cortou a franja. É idiota, mas todo mundo sabe que não se controla a inteligência da raiva quando achamos que nossos faves estão sento injustiçados.

Felizmente, tudo passou e com o tempo amadureci, me conformei e passei a curtir o EXID como ato, me divertir com as integrantes e dançar mentalmente com seus sons. Hot Pink e sua celeuma - que, sejamos honestos, quebrou o estigma da repetição - em prol dos frentistas me conquistou. 

#4 KARD - Don't Recall


Essa é mais moderna e minhas impressões estão expostas num post intocado para todos verem quando quiserem. 

Nele, deixei bem claro como achei o single esquecível, genérico e um qualquer no saco de Tropical que o mercado pop têm enfrentado.

O que mudou? Mudou o que também já disse em alguns outros posts, que a saturação ferrenha que peguei com o gênero se reverteu após a exposição continuar impiedosamente. Chungha, Red Velvet, Winner, todos entraram na tendência. E Don't Recall teve sua avaliação reconsiderada para melhor. 

#3 BTS - Dope


Essa tem muito do que abomino dos boygroups, que é a postura gangsta ultra-fodona pica das galáxias sayajin superior. O figurino dos guris pode até ser simples, com esta jogada profissões, mas o espírito de dope é do agressive style, do rap rasga-garganta do Suga e a marra do Rap Monster.

Tudo isso se mantém, mas com o tempo acabei comprando toda a proposta, algo beneficiado pela incrível e farofenta backtrack, fator que também me arrasta por aí com o Monsta X. 

Entretanto, a opinião sobre Not Today e Fire continua negativa. 

#2 SHINee - Lucifer 


Poxa, essa eu tenho dúvida até se os integrantes gostam. Deve ser constrangedor assistir ao MV e ver a si mesmo no passado, tipo aquela vó sádica que todo final de ano tenta nos mostrar um álbum de fotos de nossa pior fase - cabeludão meio-emo, na minha. Mas só meio. Só o cabelo. Não as vestimentas e a atitude.

Enfim, Lucifer é um epítomo de uma era perdida do Kpop, sem tanta ambição de expandir ao Ocidente e satisfeito no mercado oriental, e mesmo que a fase dos Visual-Keis já fosse passado, ainda estava suficientemente em voga para Lucifer ter aspectos remanescentes desta moda, como um interregno de transição para o período globalizado que viria a seguir, quando as empresas sacaram que para se encaixar em mais mercados, precisariam abandonar essa particularidade visual.

E quer saber? Sinto uma grande saudade. 

Mas no começo não foi assim. O single saiu pela época que conheci o Kpop, e se já relutava em admitir que uma Gee chamava minha atenção, eu, um adolescente orgulhoso de seus gostos rockeiros e rebeldes, me permitir curtir esses marmanjos com voz de robô dançar e fazer poses eróticas com roupas de couro seria demais. Foi só em 2014, após me apaixonar por View, que redescobri o tesouro vergonhoso que evoca o diabo, e liberto da vergonha mirim, não hesitei em colocá-la em playlists. Pra mim, Lucifer é Top 5 melhoras músicas de BGs. 

#1 SNSD - Gee


Agora sim. O Girls' Generation é meu Hagrid, e Gee minha carta para Hogwarts. A trama de como entrei no K-pop já comentei detalhadamente aqui, e em resumo aqui, mas não podemos fugir de nossa historia, e Gee sempre será meu primeiro contado real com o Pop Coreano, nas férias de inverno de 2010, em passeios misteriosos na internet, que nos leva a catacumbas sombrias sem consentimento - um de nossos maiores prazeres, é claro.

E como supracitado, eu era acostumado a ouvir ACDC, Nirvana, Oasis, Verve, Audioslave, SOAD, Blink 182. Me vestia de preto, usava calça aos 40º e desmerecia quem escutava Funk e Sertanejo - esses ainda odeio, mas respeito no meu canto.

Como, então, explicaria para meu eu interior que 9 gurias coloridas gesticulando um histerismo fofo fetichista enquanto cantavam uma monossílaba saída da trilha de My Little Poney haviam tomado meu coração? Não dava. Foram dias de batalha interpessoal, meses de uma negação "Ah, eu quero ver elas porque são bonitas, mas nem gosto, logo passa" e anos escondendo meu eu capopeiro até definitivamente perder qualquer amarra social, culimando, então, em um blog sobre Kpop.

Isso aconteceria se o google/youtube não tivesse me levado a Gee? Talvez. Mas uma história se faz de fatos. E o fato é que eu e você estamos aqui, neste momento, por causa das soshis.
irene bae joohyun gif hand heart gif

E é isso, meus queridos. Obrigado novamente à Beatriz pela indicação. Eu repasso a brincadeira para o Adriano, do TMOM, e pro Igor, o iKONIC do EL. E, por favor, deixem vossas experiências nos comentários.

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