Red Velvet: The Red Summer - Mini Album Review.

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Red Velvet não é um grupo fácil. E isso é bom. Como repito em descrições diferentes a cada release, é um grupo anti-estagnação. Ainda que elas tenham uma ambiguidade que representa uma identidade de estilos, o modo como isto é explorado é sempre uma incógnita, ao menos no lado Red, que já se provou, naturalmente, o mais rentável, e logo, o mais explorado, ainda mais na imperícia com que a SM trabalhou quando resolveu dar todo um mini nas camadas sérias do Velvet em One of These Nights. Desde então, os fãs das nuances mais densas do grupo têm de se contentar com b-sides.

Mas não é momento para choro. Dificilmente alguém preferirá - e julgar jamais - mesmo a ótima Automatic a Dumb Dumb Dumb, ICC, Rookie ou a recente Red Flavor. É uma imagem já facilmente relacionado às garotas, mesmo que cada release seja organizado por algum produtor diferente. Tamanha é sua identificação que já se sabe para qual lado a liberdade criativa deve pender: a uma proximidade latente ao caos.

RelacionadoEm Red Flavor, Red Velvet retoma o Pop Popístico sem perder sua essência.

E o caos é um estilo muito bem-vindo e necessário na indústria do Kpop, além da ousadia necessária para praticá-lo na contra-vertente da tendência. Claro que o respaldo da maior empresa no ramo auxilia. Isso, entretanto, não enubla o fato de que o Red Velvet é, hoje, um ato conspícuo e diferenciado.

Em Red Summer, isso se manteve.



Carro chefe da operação, Red Flavor é uma retomada do Red Velvet ao Pop menos esquizofrênico do que o visto no divisor Rookie, mas ainda frenético e ensandecido, pois são adjetivos inseparáveis do veludo vermelho hoje. E mesmo que sua bolha faça parecer que Rookie é uma poluição, os resultados foram satisfatórios dentro e fora da fanbase. Eu li várias pessoas que a detestaram de início e se apaixonaram após alguma exposição, por exemplo.

Red Flavor, entretanto, não traz essa necessidade. Ainda mais do que Dumb Dumb Dumb e ICC, seus maiores hits, ela é inicialmente fisgante. Já começando imersiva e agitada, traz o ritmo esperado e não desilude na continuidade, sempre com o troca-troca movimentado e elementos divertidos que enriquecem a experiência - como o MC Catra de fundo.

Não é a convencionalidade do arranjo que dirime o Red Velvet espiritual encarnado na title track.

O Follow-up atenua o clima, algo típico da SM que nunca soube distribuir adequadamente álbum algum, tenha ele 15 ou 5 faixas. Individualmente, entretanto, You Better Know é outra conquista. Electronic pop levemente dramático, soa como uma despedida agridoce de sua terra natal, rumo à faculdade, talvez. Você nutre carinho e uma nostalgia, mas sabe que não é algo definitivo nem ruim. Sentimento reforçado pelo EDM crescente que se torna progressivamente audível até uma leve explosão no refrão, felizmente compartilhado com vocais ao invés de um drop preguiçoso. O vocal de Wendy é especialmente destacado aqui. Me lembra vagamento Body Talk, justamente pelas sensações melancólicas e o clímax discrepante do hook. E essa comparação, vinda de mim, é um elogio tremendo.
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E para me obrigar a repetir como a SM não se preocupa minimamente com a atmosfera que pretende criar em seus discos, a terceira faixa é a algazarra imperial de Zoo, brilhantemente resumida como um "Jungle House" por certo usuário do twitter. As meninas já haviam adentrado o saturado gênero ano passado, em Some Love, mas o hiato de Rookie serviu para o aprimoramento absoluto do conteúdo. Enquanto Some Love é uma canção decente, mas pouco lembrável, simplesmente um composto a mais no oceano do Tropical, Zoo é um corpanzil específico do que se espera do Red Velvet. Não é um Tropical House frugal que poderia ser obra de Calvin Harris ou Ed Sheeran. É do Red Velvet. Elas parecem se divertir loucamente enquanto a entoam, que soa como uma zombaria viciante com vários chavões colantes, como os Uh-la-la, o Tarzan Scream de Seulgi e, é claro, os Zoos, seguidos do assovio selvagem.

Mojito caberia melhor se tivesse You Better Know como pro ou precedente, visto seu ritmo regular entre o up e o down, mais puxado pro positivismo. O nome da bebida mexicana serve para dar um refrão destacável através do sotaque requisitado para sua pronúncia, e isto que torna a música realmente memorável. Como um todo, o urban tende a ser destas que as pessoas esquecem com o tempo, com as acelerações climáticas já vistas em Bad Dracula e Talk to Me, obviamente com claras diferenças para essas. A verdade é que Mojito pouco inspira para comentá-la. Seria injusto considerá-la um filler, mas tampouco uma grande inspiração.

Hear the Sea é o mais próximo que temos do famigerado lado Velvet, aqui, algo que muitos costumam apontar como enrolação, mas que vez ou outra funciona, como em First Time e Take it Slow. Hear the Sea entre neste pacote, uma espécie de música de elevador ou sala de espera, qual preferir. Há momentos mais apropriados para si, mas certamente será a menos escutada do todo. Não chega a ser exatamente triste, meio indecidida no que tenta transmitir, hora dobrada a um instrumental clássico, hora a uma quietude taciturna que evoca lembranças de um passado distante e inesquecível, como sugere a letra. Nesta vibe, me julguem, ainda prefiro Would U?, aquele Station que ninguém se lembra - menos este que vos escreve.
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De todo, é um bom mini, com 3 faixas que certamente estarão no top anual e mais outra forte postulante. É um aproveitamento aquém do possível, mas tradicional nos Eps das gurias e provavelmente superior ao geral no Kpop. Minis dificilmente recebem um tratamento robusto, de modo que além do single, 1 ou 2 complementos de valor já devem ser estimados. Não há dúvidas que os fãs gostarão mais. Mas qualquer kpopper por aí vai ganhar algo para escutar por algumas semanas, antes do próximo comeback/debut de peso, desta vez promovido novamente pela SM, eternamente disposta em sabotar seus próprios produtos.

O que resta, então, é torcer para que o nicho mirado seja o suficiente para garantir mais notoriedade e retornos não raros do Red Velvet. Mais um pra Dezembro, apesar de só esperar pra Janeiro, seria um louvor. Que elas sejam o reflexo do f(x) em esfera musical, mesmo que nunca possam replicá-las completamente - quem poderia? -, mas que as semelhanças acabem nesta experimentalidade. Suportar o eminente fim do quarteto será menos dilacerante com alguém mutuamente comprometido com o novo. Hoje, Red Velvet torna o exercício de ser nomear um kpopper melhor.
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Nota: 7,5.

E é isso, meus queridos. Espero que tenham curtido tanto quanto eu. Deixem abaixo suas notas sobre Red Summer e sobre a magreza da Wendy. Cada vez que assisto ao MV me assusto mais com sua condição.

Leia também as reviews de Rookie e Russian Roulette.
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