Chung-ha se afirma na velha máxima de que o melhor vem de onde menos se espera.


Eu nunca reparei em Kim Chung-ha. Não apenas por só ter prestado atenção devidamente ao IOI em seu último single de fato, o Namô Namô Namô, como pela perdição visual que era aquele bando de garotas em tela, sendo a maior parte do tempo dedicada a Somi, o que dificultava uma diferenciação - ou apreciação - devida das outras meninas.

Eu poderia, inclusive, vê-la na rua que não a reconheceria como integrante do grupo. Iria me apaixonar, provavelmente (mesma idade, logo tudo na normalidade), mas não pedir autógrafo. 

Na conjuntura de tudo isso e no estado catatônico qual a faculdade me coloca nestes últimos dias, eu nem sabia sobre esse debut. Vi uma certa comoção no twitter relacionada ao nome, mas não tinha em mente quem era a artista e acabei sem pesquisar. Foi na rotina de acessar o Alkpop que topei, então, com Why Don't You Know:



Não sei vocês, mas para mim, a melhor expectativa é a nula; enquanto a negativa pode influenciar na experiência e a positiva, quando se confirma, apenas estabelece o que se esperava, e quando se mostra descabida, apenas gera decepção e um sorriso amarelo de quem passará as próximas horas no repeat se forçando a gostar daquilo que se quer gostar.

Nada disso fazia parte de minha rede neural quando dei o play. Eu me abria ao desconhecido. E o desconhecido, ao contrário do que diz o aforisma de evocar o medo, é o mais perto que a monotonia do dia a dia traz de excitação em pequenas tarefas - como escutar uma música.

E por mais que o olhar enviesado seja marcante quando noto estar diante de mais um Tropical House, o excesso de contato com este gênero me provocou um efeito reverso onde a saturação deu lugar ao brilho da novidade. Há algum tempo deixei de me atormentar com repetição para degustar as características das nuances, aqui dançantes e com a pegada nostálgica típica da derivação vinda do Deep House, mas que muitas vezes se perde na afetação em criar um bop e confundir tudo com uma animação exagerada e o drop mais megalomaníaco. Com menos, se faz mais. 


Nisto, para os que me conhecem, não é difícil considerar como a inegável similaridade com Taeyeon é um fator importante. Tanto no vocal quanto na aparêcia, não seria inconcebível alguém menos familiarizado com a líder do SNSD confundir os tons, por mais que a garota ainda peque pela falta de experiência e técnica, resultando numa versão teen da loira. E não tome isto como uma crítica, pois poucas Idols e cantoras no geral alcançam a tessitura em escala tão intensa e regular - com exceções, claro - a Soshi.

E para mostrar que não teço estes comentários sob a capa do biaísmo, afirmo sem rancor que onde Tae mais peca, Chung-ha se sobressai, que é na coreografia, ágil e suave em sua mini-cintura. A maior inspiração dela é Lee Hyori, diz, um dos maiores expoentes coreográficos.

Falta estrada para a guria, mas é um início deveras promissor, mesmo pendendo ao lugar comum do Tropical. Mas ela não é a única nem deve ser criticada por seguir uma tendência - nem é sua escolha e os engravatados obviamente seguem o fluxo monetário do momento.

O que vale é como o estilo foi executado. E aqui, foi o suficiente para merecer incontáveis elogios e um lugar privilegiado na playlist.


O aesthetics do MV, aliás, é um deleite onírico que vale vários gif:










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