Back in Time #06: Wonder Girls - Nobody e uma Retrospectiva da Trajetória Americana do Grupo.

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O fim é algo triste, mas ao menos nos possibilita realizar homenagens e botar em retrospecto o quão marcante foi a trajetória de quem acabou de se despedir. Neste contexto, me refiro as Wonder Girls. Ontem, elas findaram suas atividades. Em contrapartida, entraram no hall de verdadeiras lendas do Pop Coreano. E enquanto a despedida se deu pela insossa e revoltante Draw Me, jogada com desleixo sem ao menos um MV, resolvi celebrar a brilhante carreira das meninas com o Back in Time daquele que é, para mim, seu principal esforço.

Sim, Nobody. Por natureza, não costumo ter main-hits como favoritos, mas temos aqui uma exceção, pois Nobody, o maior êxito das Wonder Girls, merece todo o laureamento que teve.
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2008 foi um ano capital para o K-pop, principalmente girlgroups. Se SuJu e TVXQ viviam grandes sucessos, BigBang se estabelecia no cenário e até o F.T.Island tinha um bom público, o sexo feminino lutava para retomar espaço num sistema majoritariamente composto por mijadores de pé.

Os rostos da "revolução" já haviam surgido um antes antes: KARA, SNSD e Wonder Girls. Porém, ainda não tinham uma influência e fanbase comparáveis aos rapazes. O que mais as cercavam eram dúvidas, inclusive das empresas, de como conduzir os projetos, tanto que o KARA e SNSD passaram por mudanças de imagem até terem seus primeiros arrasa-quarteirões. 

E se os grupos da DSP e da SM erigiram ao estrelato em 2009, foram as Garotas Maravilha, sob a asa do JYP, que primeiro impactaram a Coreia e reverberaram o potencial feminino em meio ao crescente Pop Coreano.

Elas já haviam feito barulho no ano de estreia, com Irony e Tell Me, mas foi mesmo em 2008 que tiveram seus nomes expostos em profusão pela mídia. Primeiro com So Hot, e então com a épica Nobody, um marco na história do K-pop, para o bem e para o mal.



Se os releases anteriores evocavam o Pop dos anos 80, Nobody foi além, se inspirando no Motown dos 60 e atualizando respeitosamente a sonoridade para ouvidos contemporâneos, o que arrebatou os korebas, rendendo mais de 4 milhões de vendas.

Mesmo ao aderir a um estilo pouco conhecido na terra dos comedores de cachorro, influência direta de artistas clássicos como Diana Ross e o The Supremes, JYP, que apesar de questionáveis prioridades profissionais, é um produtor genial e ligado nas tendências, como um Midas, conseguiu realizar este tributo retrô até satírico em um super-hit, engrandecer ainda mais sua empresa e ampliar a gama de possibilidades expostas pelo K-pop.

O bizarro MV, de essência jocosa, possui um certo valor simbólico. JYP, na história o cantor principal, ficar barrado no banheiro sem papel-higiênico é o que possibilita que suas acompanhantes de fundo assumam o espetáculo e se revelem ao mundo, se tornando assim um grande sucesso. É basicamente o que ocorreu à época, como um rito de passagem para as então 5 integrantes assumirem a frente como carro chefe da JYPE.



O sucesso de Nobody, porém, vai além de sua terra natal, sendo uma das pioneiras do Hallyu Ocidental, ao lado de BoA. Em um movimento simples, mas de mestre, o single foi lançado também em versões em Mandarim e Inglês, já em 2009, e esta segunda conseguiu o feito de figurar no Hot 100 da Billboard, 76ª posição, a primeira faixa coreana a atingir tal façanha.

Nem JYP devia prever tamanho alcance. Mas ele já havia, minuciosamente, planejado uma incursão americana para apresentar suas filhas à nação mais poderosa do globo. Além de participarem de apresentações por lá com o próprio chefe, 2009 também teve um dos momentos mais insólitos e peculiares do K-pop, quando elas abriram vários concertos para os Jonas Brothers, justo quando os irmãos estavam no auge.



O grande problema deste inesperado estrondo que alcançaram por lá, é que JYP, em um ataque de ganância, superestimou as marcas. Posteriormente, as Wonder Girls tiveram sua própria turnê norte-americana, em 2010, mais singles em versões anglófonas e até canções diretamente para o mercado do Tio Sam, surto que se estendeu até 2012, com os releases de "The DJ is Mine", com as School Gyrls, até a aposta máxima, Like Money, parceria com Akon, que então já não estava em seus melhores dias, além de que os criadores do MCDonald's não estavam tão prontos assim para uma sonoridade tão diferente, visto que elas não buscaram se adaptar para o estilo do mercado a qual adentravam.

Com o flop comercial que a colaboração foi, JYP finalmente se ligou que o fenômeno Nobody havia sido uma exceção e elas simplesmente não iriam funcionar a longo prazo nos USA, quanto mais constituir carreira lá. E apesar de ter liberado singles coreanos em paralelo, o foco fragmentado prejudicou o que poderia ter sido um ápice monumental delas ao Sul do Paralelo 38, culminando então num longo hiato até voltarem repaginadas no inesquecível Reboot.

E aí, através de um ato falho, elas tiveram sua relevância escancarada em toda indústria. Se Tell Me moldou o que seria o espírito do K-pop em 2007, Like Money foi um dos gatilhos para que a abordagem das empresas para com o público Ocidental se desse de modo paulatino e estudado, em mudanças visuais e sonoras que vemos com crescente força hoje em dia, ao invés de uma entrada abrupta e incauta.

Erros de planejamento, saídas de membros, estágios sônicos distintos e um revamp de dance group para banda. O Wonder Girls certamente é um atos com história mais caótica e rica, e o fato de sempre - sempre mesmo - terem mantido uma qualidade quase impecável em seus retornos, expõe gritantemente o talento ali reunido, principalmente nas 4 gurias remanescentes. Talvez estas pequenas intempéries tenham nos privado de mais, mas certamente também contribuíram para a mitologia do Wonder Girls, mitologia esta que está entre as maiores do gênero em que se insere.
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