Seohyun: Don't Say No - Mini Album Review.


O debut de Seohyun era tão inevitável quanto virá a ser o da Wendy daqui alguns anos/meses. Na comemoração de 10 anos do SNSD, é até tardio. Poderia ter saído antes, mas relevamos pelo fato que a SM só foi se arriscar em lançar carreiras solos pras soshis em 2015, com I, mesmo o grupo já tendo um status acima de qualquer concorrente na indústria há mais tempo.

E dito isto, é simplesmente natural que Seohyun seja a última do TTS a estrear - com uma pequena intrusão de Hyoeyon a namorada do Igor aí no meio, mas relegada ao Station. E este é o grande porém na carreira da maknae: ela é eficaz em basicamente todos os elementos requisitados por uma Idol: é bonita, canta bem, dança bem, é carismática e possui uma boa conduta externa. Entretanto, não é a melhor em nenhum deles. Está sempre em planos inferiores, com outro nome a superá-la, o que tira a atenção devida à moça. A SM sabe disso e, obviamente, primeiro testou as mais célebres do SNSD para então dar chance ao S do trio.

E como eu posterguei demais um post solo do single, nada mais justo do que dispor de um tempo para resenhar o álbum todo, afinal, pratiquei o mesmo com todas suas parceiras.


Isso, é claro, me condena também a ter de resenhar Don't Say No, a main track cabeça do projeto, e fazer o que me desagrada, mas é inevitável; cair no lugar comum que você já deve ter lido em qualquer resenha, mas se torna uma comparação inevitável justamente por ser precisa: o R&B/Pop de Seo segue a linha da SM em aproximar suas sonoridades ao que vemos no Ocidente. Já tivemos o tropical de Why e o Electro vintage de Fany, e aqui, a evocação automática é o que Mariah Carey fazia entre o fim dos 90 e início dos 2000, e que Ariana Grande deu novos ares na presente década.

Como homenagem sônica, serve muito bem, mas cai no revés típico de ser mais fraca que o que busca lembrar. Após alguns poucos replays, provavelmente, a vontade é de revisitar os trabalhos das supracitadas cantoras ao invés de dar mais chances para Seo. Isso significa que funciona, mas também que, novamente, ela não é a melhor no que faz. Talvez nem tivesse como, mas não deixa de ser irônico, além de diminuir o impacto da canção.

E se o que faltou a Don't Say No foi impacto, é um erro colossal dar o follow-up à insossa Hello, uma destas parcerias genéricas com cantores de RnB. Não obstante, Eric Nam parece viver uma precoce fase decrescente na carreira, ao contrário de nomes como Dean e Crush - e mesmo o primeiro fez parte da pior faixa do bom Why, da Tae, em 2016. O que se pode dizer é o mesmo de basicamente toda parceria entre Idols femininas e artistas do gênero: é chata, sem sal, monótona e pretensiosa, sem qualquer apelo entre os variados públicos que possam se interessar pelo que uma integrante do Girls' Generation lança. É como colocar um feat com Claudia Leitte num disco do Leonardo, mas insistem em fazer sem qualquer inspiração, como se fosse clausula irrevogável em qualquer disco de estreia.


Magic retoma os eixos, em uma intro que não fosse meu conhecimento do que estou a ouvir, certamente apostaria dinheiro em se tratar de uma b-side da própria Ariana Grande, tamanha a equivalência vocálica dos Magic, entoados entre suspiros sensuais. A melodia baixa destaca bem a voz de Seo, que acerta em manter o tom sem reverberações e agudos desnecessários que muitos adoram para mostrar o poder de suas cordas vocais. Os incrementos na backing track, se observados, são bem interessantes, uma boa simbiose entre piano e sintetizadores.

O tema principal do EP é, indiscutivelmente, amor em várias representações. Em Lonely Night, ao menos, ela foge um pouco da temática "quero voltar pro Oppa, me aceita por favor" e renega um cara que visivelmente a decepcionou ou algo pior. Chega de vitimismo nas letras, plz. Claro que ela está a sofrer horrores porque queria amar, constituir uma família tradicional e comprar macarrão no mercado com seu homem, mas ao menos desistiu - por enquanto. Até por isso, a vibe é melancólica, permeada, mormente, por acordes silentes de violão. Combina bem com o timbre de Seo, que consegue alternar a força em uma mesma nota de maneira impressionante. E é isso, afinal, que dá algum mérito pra track, o vocal de sua responsável.

E a melhor do mini, para este que vos escreve, é indubitavelmente Love & Affection. O instrumental é o mais divergente do comum holístico, com pegadas techno indie e com uma build-up que prepara para um clímax onde Seo pode soltar sua potência, algo que não teve espaço nas outras canções, com um tom mais constante e baixo. Uma pena é sua curta duração, o que, em contramão, também é um acerto, visto que seu arranjo é bem repetitivo entre versos e refrão. Parece trilha sonora de filmes em cenas relaxantes e good vibes.

No aproximar do disco parar de rodar, o amor segue em ênfase. Após ser solitário e em conjunto com a afeição, agora ele é mau, é Bad Love, que parece saída do House dramático de Free Somebody. Antes que pareça um elogio, completo: uma demo recusada do solo de Luna. A batidinha da intro é climática, mas a continuidade dá a impressão que os produtores acharam ela perdida na web, curtiram e enfiaram qualquer coisa por cima, pois a organização não parece se encaixar. Voz e backtrack são dissonantes. Pouco inventiva, como sugere mais um Love no título. 

Para encerrar a experiência, tem-se o canto do cisne na onírica Moonlight, que se despede no R&B esquecido nas primeiras faixas do Album. Mas alguém sentia saudade? Numa indecisão entre soar triste e sensual, seus 3:35 passam sem nenhuma vertigem, apenas uma viagem moralmente obrigatória para fechar todas as peças disponíveis. Infelizmente, uma partida de gosto amargo.

Como deves ter percebido no texto, minha impressão de Don't Say No não é tão positiva quanto o aguardado. Com respeito a Seohyun, que teve coragem de assumir a autoria de 6 das 7 músicas, é inegável que faltou uma supervisão melhor dos envolvidos ou uma escolha melhor destes. Seguir um tema e uma sonoridade em todo um projeto com o intuito de passar uma mensagem só funciona quando a inspiração está em seu ápice, com artistas maduros e temáticas complexas, como visto no recente Fântome. Seo parece ter tentando isso com êxito trôpego. Aspirações na carreira são ótimas, o que denota uma ambição e muita criatividade dela, mas é sempre bom ser mais comedida quando tiver tanto em jogo - no caso, nada menos que sua estreia sem outras 7 companheiras para dividir os holofotes.

Ao contrário que acontecera nos releases das outras soshis, nada em Don't Say No me desperta um enlevo, mesmo que momentâneo. Então, imagino que a longevidade será baixa - ao contrário de Golden Sky, What Do I Do e, principalmente, I, que escuto ainda hoje. 

Mas como Sone, ainda estou contigo, Seo Joo-hyun.

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