2016 foi um ano confuso pro Veludo Vermelho. Se 2015 serviu pra afirmá-las entre os principais e mais proeminentes atos da atualidade, 2016 arrefeceu o ritmo com a insossa OOTN e Russian Roulette - que é ótima, mas muitos de vocês parecem não ter curtido porque têm gosto ruim (há).
E nesse velho debate da negligência com que a SM trata as gurias, resolveram dar um novo comeback pras meninas menos de 5 meses após o último release, Ninguém esperava. Isso é bacana, pois mostra que querem fazer elas funcionar - ou será só uma desculpa para galponá-las até o final do ano???
De qualquer forma, Rookie chegou, e entre as variadas discussões possíveis, acho que se destaca a seguinte: ou a SM não tem a mínima ideia do que está fazendo, ou está fazendo tudo sem uma ideia. Qual a diferença? Reflitam.
WTF is that? A divulgação pra Rookie foi bem alternativa e já dava a entender que viria algo criativo por aí, o que já faz parte da essência camaleônica e inventiva das garotas. Mas mesmo assim, WTF is that?!
É uma mistureba conceitual demasiada para absorver rapidamente, até para alguém que já nos entregou Dumb Dumb. A SM basicamente matou a dicotomia dos lados do RV, mas isso não esvaiu o espírito creepy e esquizofrênico do ato. Rookie é visualmente como um sucessor natural de Russian Roulette, colorido e com transições divertidas entre quadros que tornam a experiência transitória entre cenários bem sinestésica conforme as meninas abrem portas e adentram universos introspectivos em sua mente - ai se justificam as comparações prévias com Alice in Wonderland e até Nárnia, mas sempre com uma dose weird, como o maluco que ainda não superou Floribela e anda cosplayzado de um buquê.
Porém, o epítopo da estranhice é mesmo a música, o que é um grande feito com o vídeo que o acompanha. Mel Dels. Já é marca do quinteto englobar vários ritmos para compor um só, principalmente com Funk e Hip-Hop, até por isto o Synth mais singelo e vintage de Russian Roulette soou inesperado, mas Rookie vai além de qualquer single passado; vai além do K-pop em si. O nível de surrealismo é digno de uma Kyary Pamyu Pamyu.
Abrir com Irene é um engodo para me envolver de imediato, mas nem mesmo a beleza da líder consegue me distrair de tantos elementos contrastastes dentro de um só: dos já mencionados funk e hip-hop, até uma backing track de sintetizadores mais íntima e relaxante que evoca a onda vaporwave - retrô again - ao refrão repetitivo e grudento, mas com certeza diferente de quase tudo que o K-pop já lançou por aí. "Pra frente de seus tempos", dizia um comentarista no Youtube. Acho que é demais. Porém, definitivamente, não tem como reclamar de estagnação delas, e talvez essa ousadia seja, também, a cruz do grupo, pois a identidade volátil e a experimentação têm afastado muito do público que as tinha aceitado com o sucesso de dois anos atrás.
Essa divisão afasta cada vez mais o Red Velvet do primeiro escalão do K-pop. De acordo com quem vê, novamente, pode ser uma afirmação boa, pois significa que elas fogem da tendência e do comum, mas também não conseguem se consolidar. E como falamos de uma indústria capitalista, isto pode ser um problema. Particularmente, eu tenho curtido bastante essa constante metamorfose - com exceção de OOTN -, só espero que não seja o suficiente para prejudicar sua imagem a ponto da SM jogá-las no limbo, pois após 3 anos do debut, um grupo costuma estar estabelecido e com fanbase fiel no cenário. É o preço que elas pagarão pelo caminho escolhido - ao menos até aqui.
Extra: alguns Gifs da Irene. O resto vocês se virem pra achar.
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