Jessica: With Love, J - Mini Album Review

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Porque falar da Jessica nunca é demais!
Após o bom feedback que recebi com a review de I Just Wanna Dance, resolvi tentar novamente com Jessica. Não que vá se tornar um hábito frequente, mas tentarei fazer tanto para aprofundar minha escrita quanto conhecimentos musicais.

Os motivos para a segunda review de álbum ser sobre a Sica já deve ser óbvio para quem acompanha o blog, mas para os novatos, vale lembrar: sou Sone doente e Jessica Biased. Por uns quatro anos, ela esteve até na primeira posição Ultimate, aí eu conheci a ChoA, mas isso não signifique que o amor arrefeceu. É só olhar quem está no header do Delírios. Pra que encher linhas de papo furado quando uma imagem pode ser muito mais convincente.
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Assim como foi com Tiffany, me agrada bastante a fluidez de With Love, J. Algo que ela nunca teve na SM, já que os discos do SNSD são uma verdadeira bagunça, com todos os lead singles enfileirados um atrás do outro e o resto das músicas jogadas sem critério algum. É downtempo e uptempo misturadas de uma maneira infantil e aparentemente inofensiva, mas que pode prejudicar a experiência e harmonia sonora, afetando as melodias individualmente. Digamos que você aperta o play e dá de cara com um Hoot. Animada e grudenta. Em seguida seria ideal, por exemplo, incluir um Genie ou You Think, mas o que a SM faz? Coloca um Forever. Dá um bug cerebral e você perde mais tempo pensando em Hoot do que curtindo a baladinha.

With Love, J é Jessica usando sua voz suave e aveludada sabiamente, com um repertório de midtempos e baladas que sempre se adequaram bem em sua voz. Vale destacar também que 4 das 6 tracks tiveram letra de sua autoria, algumas inclusive com participação na composição, o que evidencia como o projeto é emocionalmente pessoal para a Ice Queen.

Quando entrar a Playlist no Spotify, atualizo aqui. Por enquanto, fiquem com full álbum surrupiado por algum transgressor pobre do YouTube (não que vocês precisem escutá-lo durante a leitura, mas acho que aumenta a degustação literária pela atmosfera criada):


Não tenho muitas novidades para falar sobre Fly que já não tenha expresso no post solo do MV, e se posso incluir algo, é como foi um reencontro fantástico com a ex-9. Quer dizer, tirando Gravity, Sica ficou completamente fora da indústria fonográfica desde a tragédia de 2014, e qualquer fã ávido criou uma expectativa monstra que é inerente quando resguardamos sentimentos fortes por alguém. Não importa se é uma pessoa real de nossa convivência ou uma Idol que fala Coreano e faz de conta que vive 100% feliz o tempo todo. Essas coisas não se explicam, se sentem. E a expectativa não foi quebrada por frustração.

A seguir temos Big Mini World, que apesar de não ser escrita pela mulher da capa, transmite uma mensagem tão pessoal que fica nítido a influência da mesma sobre sua criação. Talvez tenham faltado palavras para a própria Jessica expor bem seus pensamentos - ela não é letrista, afinal - e tenha recorrido ao auxílio de outros para deixar claro seus sentimentos.

Eu tenho de sorrir e eu tenho de resistir
Todo mundo espera de mim

É a vida de Idol. Sempre sorrir, ser simpático e caloroso, como se problemas fossem inexistentes. Qualquer um que fuja à regra, como Tae e as teorias de sua depressão, são malquistos perante os korebas. Por isso mesmo o Ice Queen. É humanidade confundida com insensibilidade e frieza inexistentes. Quanto a música, a introdução lembra muito Blank Space, mas ao contrário desta, mantém um ritmo lento, apenas com uma leve elevação vocal no refrão, que vem na exata parte da letra onde ela expõe seus sonhos e objetivos, o que é bem condizente. Da monotonia do fingimento buscando adequar-se aos padrões da profissão, para o êxtase da liberdade.

Falling Crazy In Love é a canção padrão e clichê de todo ato Pop do mundo. Pode ser K-pop, US, UK ou até Mongol. Vai ter alguma composição romântica e declarativa no meio. Não adianta também bancar o fã loucaço e dizer que ela se refere a nós. Não mesmo. Consigo imaginar claramente Tyler Kwon escutado essa na rádio AM com uma ereção enquanto pensa "Jessica Jung fez uma música pra mim. PRA MIM". Você ficaria assim também se fosse ele, mesmo que não tenha o instrumento necessário para ter uma ereção.

Ah, a música, esqueci dela. É outra midtempo, mas com o chorus (escrevi em inglês pra não repetir palavra, não me julguem) bem menos pegajoso e memorável que sua antecessora. É a mais fraca do EP, não vai pro meu sd nem devo escutá-la muito, mas já que foi feita com o intuito de agradar especialmente uma pessoa, isso certamente conseguiu.
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Com tanto amor que sentimos pela Sica, é irônico que Love seja a palavra amaldiçoada do Mini. Falling Crazy In Love é o genérico de sempre, mas Love Me The Same fez jogo duro pra ser Top 1 Most Forgettable. Primeiro ela parece uma baladinha, depois uma midtempo, tu fica esperando algo acontecer, algum clímax, qualquer coisa, e de repente, acabou mais rápido que a carreira do Kiss&Cry. Se o objetivo era destacar a voz sem desafiar as cordas, que fosse uma baladinha definida com um back track mais inspirado.

Com duas tracks boas e outras duas nem tanto, a quinta fica com a responsabilidade de basicamente dar o tom final do Debut Solo de Sica. E graças aos deuses do K-pop, ela é Golden Sky, a melhor coisa de With Love, J, competindo forte com Fly. O mais Kawaii da coisa toda é que a possível melhor coisa do projeto seja dedicado aos fãs. Essa sim é pra nós, e o Kwon que se exploda. Ela disse no V App e no Instagram. E mesmo que não tivesse, a letra deixa tudo explícito:

Quando eu estava cansada e desabei
Vocês me ergueram

Não vou postar o texto inteiro, mas ele é todo, todinho, uma homenagem e um agradecimento para mim, você, a TOIS NÓS. É a típica baladinha boa que o próprio SNSD fazia nos primeiros anos de grupo, com os toques de piano que oferecem uma classe bonita e melancólica para a música. A combinação entre melodia e voz também é a melhor do álbum aqui, com um timbre forte, mas deliberadamente aprazível e cheio de ternura. É como se ela nos agradecesse com o próprio tom da voz. Os "uuuh" são o bônus da coisa toda. Enquanto escrevia isso, aliás, acho que decidi Golden Sky como my favorite one. Sério mesmo. Que coisa maravilhosa.
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Protelei o reinício do post em uns 20 minutos pois não conseguia desreplayzar Golden Sky pra ouvir Dear Diary com atenção, mas nada que seja demérito desta. Eu gostaria muito de ver um uptempo ou até uma farofona nesse álbum, pra manter alguma ligação com os velhos tempos, mas é interessante ver essa pegada Jazz, até então inexplorado pelo seu lado soshi. A maior dificuldade no Jazz é produzir um vocal que seja bom o suficiente para justificar a escolha, o que muitos atos do K-pop têm negligenciado esse ano, como o dormível dueto entre Suzy e Baekhyum. Jessica tem sim mais voz que a madame Coreia, mas opta por evitar agudos, o que mela um pouco o replay power que Dear Diary teria caso se arriscasse mais. Ainda assim, é válida pela inovação.

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E então, vale a pena?

Não é um Mini primoroso e histórico. A tracklist foi distribuída de maneira inteligente, o que facilita uma escutada rápida em one shot, entretanto, é um tanto irregular na qualidade. São duas iniciais eficientes, então duas que entediam e funcionariam melhor intercaladas. Após isso, a carta de amor aos fãs e uma experimentação interessante. De qualquer forma, entrega Fly e Golden Sky, que são potenciais candidatas em Top's de melhores do ano, e o legado de With Love, J é muito maior do que isso. É o retorno de alguém que nunca deveria ter partido. É aquela velha amiga que regressa pra casa após um período de autodescoberta.

*Curiosidade Contextual: em algum momento durante o processo de criação desta review, passou um programa sobre Guepardos no Animal Planet, canal que deixei ligado enquanto escrevia, o que automaticamente me fez lembrar do cheetah's kick...
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... e agora estou rindo retardadamente disto. Que coisa boba. Será que deveria ter contado isso? Melhor parar.

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